sábado, 3 de abril de 2010

NÃO ME INTERESSA O PODER. QUERO TRABALHAR PELA EDUCAÇÃO

Por Vania Medeiros*

Ao longo da minha vida, aprendi que quem deseja o poder, com muita intensidade, é porque têm uma vida medíocre. Esse tema é dos mais recorrentes na psicologia. O poder é uma quimera, nunca é aquilo que pensamos que seja nem está onde imaginamos que esteja. A luta pela sua conquista é sempre frustrante: quando pensamos que o conquistamos, percebemos que ele ficou mais distante ainda. Quem o procura, na verdade, busca apenas a si mesmo de forma egóica.

Mas psicologia à parte, quero me referir, agora, a minha postura enquanto candidata à Reitoria do IFPB. Na verdade, isto não fazia parte dos meus planos, pelo menos tão cedo. No entanto, minhas atividades acadêmicas ficaram tão difíceis na atual realidade do IFPB, que estava ansiosa por apoiar uma candidatura de oposição a atual gestão. 

Quando o processo foi iniciado, fiquei muito animada com a possibilidade do professor Joabson Nogueira, por quem tenho um grande respeito como cidadão e como profissional, ser o nosso candidato, que logo decidi empenhar o meu apoio a sua candidatura. Grande foi a minha frustração ao ouvir do próprio Joabson que não concorreria à Reitoria, mas à reeleição para a direção do Campus de João Pessoa, função que já desempenha de forma muito competente, mesmo com todos os entraves do primeiro ano da Ifetização.

Nessa fase, já éramos um grupo, insistimos e persistimos, mas o nosso colega permaneceu irredutível à sua decisão anterior. Foi, então, que o grupo, um pouco decepcionado com o “não” do professor Joabson, decidiu convidar o professor Rômulo Gondim, para se candidatar. O curioso é que o professor Rômulo também não aceitou a proposta, entendendo que o ambiente político institucional demandava outras idéias e novos nomes. Comecei a ficar preocupada, sem entender o que estava acontecendo na instituição que na campanha passada teve sete candidatos e nessa ninguém queria se candidatar.

Foi nessas circunstâncias que fui surpreendida pelo grupo com um convite para me candidatar. Confesso que fiquei estupefata, pois nunca me vi com perfil carismático para a “política”. Mas o grupo insistiu.

Diante da insistência do grupo, entendendo que havia um impasse político na instituição, já que se cogitava apenas sobre duas candidaturas e considerando a quantidade de docentes que temos e que preenchem as condições do MEC para concorrer ao pleito, entendi que não havia representação suficiente e lancei-me ao desafio.

Não nego que as dificuldades apresentadas pela gestão atual em conduzir o processo de mudança institucional, que tanto atingiu as minhas atividades acadêmicas, terminou sendo também um estímulo à minha candidatura. Lembro só alguns episódios de passagem: O IFPB nos últimos quatro anos deixou de apresentar prestação de conta de recursos obtidos junto a órgãos de fomento, por nossos esforços acadêmicos, em tempo hábil que possibilitasse a renovação de convênios.

Um episódio bastante constrangedor foi a nossa última participação em um Edital da SENAD que terminou com a devolução de um recurso que permitiria tocar ações do então Programa REDE VIVA. Este projeto, vale salientar, em nada me favorecia financeiramente; apenas perfazia os meus interesses educacionais dentro da instituição, que são pautados em uma demanda social emergente e estão de acordo com as Políticas Públicas Nacionais sobre Drogas (é só ler a Lei 11.343/06 para entender que estou possibilitando, através de um esforço e empenho pessoal ao IFPB cumprir com o que lhe é determinado legalmente).

Portanto, gostaria que ficasse claro, o “projeto acadêmico” ao qual tenho me dedicado dentro e fora da instituição, não se trata de um capricho pessoal ou um ato inconseqüente, mas uma responsabilidade social. Não estou de acordo com as práticas administrativas que impedem as construções acadêmicas e não vou ficar omissa quanto a isso, porque não sou acomodada. O pouco que consegui produzir nesta gestão precisou de um esforço tremendo para me fazer entender.

Basta deste estilo de dominação e de zelo excessivo, que considera os que produzem como uma ameaça à Instituição! Afinal, administrar uma instituição complexa como o IFPB requer a coragem de correr riscos para dar sustentação ao processo criativo educacional que independe da qualidade do sono do Reitor.

Em outra ocasião, encontrei-me envolvida na elaboração de um MINTER que beneficiaria cerca de 25 servidores do IFPB, dentre técnicos e docentes; esta iniciativa também foi inviabilizada. As razões para os impedimentos foram apresentadas de forma fundamentada em razões administrativas e financeiras. Mas, faço a leitura de que uma Política de Gestão da Educação exige reflexões, posicionamentos e atitudes sustentadas no tripé que é a base das instituições de ensino: os processos pedagógicos, financeiros e administrativos. Por enquanto, no IFPB, os processos administrativos estão suplantando os outros dois. Isto, lamentavelmente, significa falta de habilidades que concorrem para o prejuízo do ensino, pesquisa e extensão.

Entendo que estamos necessitando de novos paradigmas que viabilizem os processos políticos educacionais. E quero testemunhar que o meu interesse político parte de uma necessidade pessoal de mudança de atitude frente aos problemas institucionais pelos quais estamos passando, mas também de comungar com todos aqueles que desejam uma instituição mais dinâmica e produtiva.

Quero ser protagonista da disseminação do sonho de uma nova idéia: a de crescer e de renovar conhecimentos e práticas educativas. Como diz Paulo Freire “Não há compartilhar que não envolva um projeto. Não há projeto que não contenha um sonho. Não há um sonho possível de ser realizado sem esperança”.

O meu projeto de ser reitora não é uma busca desenfreada pela conquista do poder. O que almejo é provocar movimento institucional e mudanças pró-educação, quero estar em uma instituição viva. Quero estar em sintonia com todos que desejam melhorar o seu compromisso com os segmentos institucionais, alunos (as) e servidores (as) do IFPB, e com a sociedade em geral.

Não farei isto irresponsavelmente porque tenho bastante maturidade para compreender e aceitar os meus limites. Minha candidatura não é um capricho, mas a necessidade de ser produtiva na instituição onde trabalho; para tanto eu irei até as últimas fronteiras deste processo. Estou motivada pelo profissionalismo e espero que esse sentimento seja compartilhado. Quero provocar espaços de reflexões profundas e não superficiais. Quero exercer o meu direito de ser respeitada e o meu dever de ser honesta e coerente com aquilo no que acredito: UMA EDUCAÇÃO TRANSFORMADORA.


*Candidata a Reitora do IFPB

Um comentário:

Rômulo disse...

Assim também penso, professora Vânia. Temos de continuar acreditando que nossa Instituição possa ser um espaço livre e democrático de idéia e projetos que contribuam para o crescimento do nosso Estado.
Estou publicando este artigo em nosso site: www.romulogondim.com.br
Abraço e saudações educacionais