terça-feira, 23 de março de 2010

CANDIDATURA DA PROFESSSORA VANIA MEDEIROS Á REITORIA DO IFPB MOVIMENTA O PROCESSO SUCESSÓRIO EXTRA-OFICIAL NA INSTITUIÇÃO

Professora Vania: É fazendo que se aprende


A professora Vania Medeiros, 45, ficou motivada pela repercussão do lançamento da sua candidatura à Reitoria do IFPB. Em entrevista, ela faz uma auto-avaliação das suas potencialidades para administrar o Instituto e explica qual será a sua contribuição para a consolidação das políticas educacionais, administrativas, técnicas e científicas no âmbito do ensino profissional e tecnológico na Paraíba. A candidata se reúne, hoje, em João Pessoa, com o grupo de apoio, para traçar as metas da campanha e elaborar uma agenda inicial de compromissos políticos institucionais. 
 Entrevista


 P. Qual a grande motivação da sua candidatura à reitoria do IFPB?
 R. Educação é mudança. Eu mudei e evolui na concepção do que é o meu papel no processo de Ifetização. Entendendo que nossa instituição necessita de novas lideranças que se constituam de educadores disponíveis e comprometidos com ela, e com as demandas sociais emergentes. Portanto, desejei contribuir com o meu potencial de trabalho e com minha experiência humana e profissional. A minha principal motivação é a co-responsabilidade.
 P. Você se acha capaz de cumprir com as responsabilidades da função?
R. Claro! Primeiro porque foi o próprio MEC que estabeleceu os critérios e eu os atendo. Depois porque compreendo que não estarei sozinha. O IFPB é privilegiado com seu corpo técnico, que vem trabalhando com seriedade em todos os setores, viabilizando os processos pedagógicos, administrativos, e culturais. Estarei assumindo o papel de articuladora e de facilitadora provocando reflexões sobre a viabilidade de inter-relações entre esses diversos setores e, de forma responsável, estimulando o diálogo e o fortalecimento dos conselhos políticos e consultivos que estarão orientando as tomadas de decisões.
Por outro lado, a minha vasta experiência com educação, desde a década de 70, nos mais diversos níveis de ensino, passando pelo fundamental (o então primário) até a pós-graduação (hoje), me atribui uma agilidade na compreensão dos problemas educacionais que me deixa bastante confortável.  Alguém pode dizer que eu não conheço os processos administrativos e/ou políticos, mas não é verdade, não ter feito carreira nestes campos ainda, não significa que eu não os entenda. Tenho participado efetivamente da produção institucional e desenvolvido uma forte aproximação com todos estes processos. Além disso, sigo fielmente a idéia de que um dos saberes essenciais do educador é a sua incompletude. Então, estudo e aprendo, sempre!
P. Como você pretende fazer sua campanha?
R. Deixa o processo eleitoral sair do campo extra-oficial para o oficial que todos verão... Mas, posso dizer que já comecei a trabalhar no reconhecimento da realidade política institucional desde outubro do ano passado, escutando os diferentes segmentos da comunidade e integrando um grupo de discussões que inicialmente lançou a candidatura do Professor Rômulo.
Há... quero também dizer que o fato de eu estar fora do modelo de política institucional vigente me deixa bem livre para inovar a política no ambiente de ensino. Não irei me esquecer disso em nenhum momento, mesmo que os ânimos se exaltem e o modelo tente se impor, os meus princípios de educadora prevalecerão.
 P. A sua campanha poderia ser simbolizada como “a luta de Davi contra Golias”, por você ser mulher e estar inserida num contexto predominantemente  masculino?
 R. Não sei. Não quero pensar sobre isso. Eu não estou no IFPB porque sou mulher ou homem. Estou por competência. Bem, mas já que você me lembrou desta luta, que é histórica, vou me posicionar: as teorias da pedagogia e da psicologia orientam que a educação deve ser feita por “mulheres e homens”. E, o ambiente mais apropriado para o desenvolvimento salutar do indivíduo é aquele em que o masculino e o feminino se unem sem dominações ou opressões. Espero e acredito que não travaremos uma ‘guerra dos sexos’, mas estaremos ensinando nossos  alunos (as) conviverem harmoniosamente e respeitosamente. As piadas, as impressões e comentários que rodeiam a questão, não terão um peso maior no processo que aquele que realmente motiva o processo de escolha. Os critérios, certamente, não serão meramente apenas os do sexo; representará nosso IFPB aquele ou aquela que inspirar confiança e segurança para a construção de um projeto de gestão.
P. Que papel você desempenhará, mais incisivamente, nessa campanha para escolha do primeiro reitor do IFPB?
R. A minha proposta desde o início é fazer uma política diferente. Atualmente, tenho me interessado muito pelo tema da política educacional e procurarei estar fundamentada nos teóricos e nas experiências vivenciais para encontrar meu próprio caminho. Vou desempenhar o papel de aprendiz sem me esquecer que também sou protagonista. A minha posição no processo pode determinar um caminho novo desta prática. Aguardem!!!
 P. Você teria uma preocupação específica com a instituição, na qual você pretende ser mais renitente?
R. Sim. Quero refletir sobre o que de fato nós entendemos sobre a conjunção da política institucional local e política nacional para os Institutos. Quando nos referimos aos interesses institucionais, que muitas vezes nos torna excludentes com as temáticas sociais, estamos falando de nossos próprios interesses ou de demandas sociais? Neste sentido, quero ser mais efetiva nas ações que possibilitem a adoção institucional do desenvolvimento da extensão e da pesquisa. Sem dúvida, a prioridade é instrumentalizar a comunidade do IFPB, em todos os seus segmentos, e em todos os campi. Quero construir uma política de extensão e pesquisa integradas ao ensino que seja participativa e menos burocrática, que priorize a capacitação daqueles que estão fora dos processos, além da melhoria dos ambientes de produção acadêmica, como laboratórios, salas de aula e outros.
 P. Qual o modelo de gestão que  você acha que seria adequado para o IFPB?
R. Bom, eu posso responder a essa pergunta de duas maneiras: ou eu fico apenas no exercício de criticar a gestão atual de forma improdutiva, ou eu faço promessas de um modelo ideal, difícil de alcançar. Portanto, para uma questão complexa atitudes diversificadas é o mais adequado. Eu pretendo esperar para construir junto com a comunidade um modelo que não seja muito arrojado para o momento, mas que também não fique apenas do marasmo das iniciativas burocráticas que servem apenas ao controle de interesses pessoais.
Por outro lado, o regimento interno já aponta uma diretriz para uma gestão participativa e descentralizada, e quando tiver valendo, poderemos melhorá-lo. No entanto, o modelo de gestão a ser seguido não depende apenas do que está escrito e nem da postura do líder, mas sim de toda a comunidade. Precisamos descobrir juntos o que é esta instituição e mudar nosso comportamento passivo acerca das coisas que acontecem em nosso cotidiano, e afirmo: sendo eu ou outro (a) candidato (a) escolhido (a) a comunidade terá a gestão pela qual ela lutar. Temos muito o que pensar e fazer.
P. Você acha que vai desempenhar bem o seu papel junto às instâncias máximas da educação?
R. Sim. O que pode haver nestas instâncias que eu não seja capaz de entender? Sou bastante ágil e tenho habilidades sociais de comunicação que não me deixarão à parte. Se me candidatei é porque posso representar nossa instituição. Eu não o faria se sentisse insegurança. Quem me conhece sabe que sou responsável com minhas atribuições.  Há! e eu sei quem sou... os meus limites não são barreiras intransponíveis!
 P.  Como você analisa a atual gestão do IFPB do ponto de vista institucional?
R. Eu estive muito próxima dos fluxos de processos administrativos nestes quatro anos em que coordenei um projeto de extensão e constatei a existência de muitas dificuldades. Mas, posso antecipar que se tivemos problemas a culpa também é da comunidade. Ainda não estamos abertos a novas relações intra-institucionais. Nós não fizemos a nossa parte para uma convivência plural e produtiva porque estamos presos a mitos de que o espaço escolar não deve comportar conflitos. Paz não é passividade, os conflitos são sempre bem vindos e nós não os vivenciamos como deveríamos. Não havia sindicato ativista, nem momentos públicos para discussões, como aconteceu no passado. Toda a crítica ficou nos corredores e nos encontros fechados. Para onde isso tudo nos levou? Vejo muita insatisfação.
 Apesar de todos os problemas, penso que a gestão atual tem trabalhado muito, há dedicação e boa intenção, afinal todos nós temos qualidades; mas, se não há diálogo, essas qualidades ficam invisíveis! O silêncio somado a auto-suficiência parece presunção! E não cabe mais na nossa realidade.
 P. Se, eventualmente, você for eleita, como será a escolha dos seus colaboradores?
R. Ainda é cedo para pensar nisto, durante o processo vou me aproximar das pessoas, conversar, perceber habilidades. Agora, não me tornarei a dona do IFPB e não farei dele um lote a ser negociado. Aqueles que me apoiarem devem confiar de que buscarei competências e compromissos com um projeto coletivo que não somente meu.
P. Você não estaria furando a fila, já que tem gente mais antiga na instituição para disputar essa função?
R. Não! Não! Estou assistindo o IFPB em uma crise de liderança! Os mais antigos não se sentiram motivados. Os mais novos se sentem despreparados. E, o que eu estou fazendo é me disponibilizando porque estou pronta para colaborar! Nestes últimos meses procurei algumas lideranças consolidadas, para dar o meu apoio em uma candidatura à Reitoria, encontrei algumas que colocaram dificuldades, outras eu nem mais as vi pelo campus João Pessoa. Até que encontrei o grupo que lançou o professor Rômulo Gondim. Após a sua mudança de papel no processo eleitoral e tendo amadurecido a compreensão sobre o momento da Instituição, que atravessa uma expansão com uma demanda de liderança considerável, resolvi aceitar a proposta, que não encaro como um desafio, mas como uma simples oportunidade de crescimento pessoal e de responsabilização que compõe a função docente. Tem que ter pessoas para a gestão da educação! Então porque não eu que estou a mais de 25 anos na academia? Serei Reitora e tenho o propósito de fazer uma experiência tão positiva ao ponto de inspirar novos atores que me seguirão!
 



Um comentário:

Rômulo disse...

Parabéns pela entrevista Vânia. Lúcida e confiante. Avante
Saudações Educacionais