A professora Vania Medeiros, 45, ficou motivada pela repercussão do lançamento da sua candidatura à Reitoria do IFPB. Em entrevista, ela faz uma auto-avaliação das suas potencialidades para administrar o Instituto e explica qual será a sua contribuição para a consolidação das políticas educacionais, administrativas, técnicas e científicas no âmbito do ensino profissional e tecnológico na Paraíba. A candidata se reúne, hoje, em João Pessoa , com o grupo de apoio, para traçar as metas da campanha e elaborar uma agenda inicial de compromissos políticos institucionais.
R. Claro! Primeiro porque foi o próprio MEC que estabeleceu os critérios e eu os atendo. Depois porque compreendo que não estarei sozinha. O IFPB é privilegiado com seu corpo técnico, que vem trabalhando com seriedade em todos os setores, viabilizando os processos pedagógicos, administrativos, e culturais. Estarei assumindo o papel de articuladora e de facilitadora provocando reflexões sobre a viabilidade de inter-relações entre esses diversos setores e, de forma responsável, estimulando o diálogo e o fortalecimento dos conselhos políticos e consultivos que estarão orientando as tomadas de decisões.
P. Como você pretende fazer sua campanha?
Há... quero também dizer que o fato de eu estar fora do modelo de política institucional vigente me deixa bem livre para inovar a política no ambiente de ensino. Não irei me esquecer disso em nenhum momento, mesmo que os ânimos se exaltem e o modelo tente se impor, os meus princípios de educadora prevalecerão.
P. Que papel você desempenhará, mais incisivamente, nessa campanha para escolha do primeiro reitor do IFPB?
R. A minha proposta desde o início é fazer uma política diferente. Atualmente, tenho me interessado muito pelo tema da política educacional e procurarei estar fundamentada nos teóricos e nas experiências vivenciais para encontrar meu próprio caminho. Vou desempenhar o papel de aprendiz sem me esquecer que também sou protagonista. A minha posição no processo pode determinar um caminho novo desta prática. Aguardem!!!
R. Sim. Quero refletir sobre o que de fato nós entendemos sobre a conjunção da política institucional local e política nacional para os Institutos. Quando nos referimos aos interesses institucionais, que muitas vezes nos torna excludentes com as temáticas sociais, estamos falando de nossos próprios interesses ou de demandas sociais? Neste sentido, quero ser mais efetiva nas ações que possibilitem a adoção institucional do desenvolvimento da extensão e da pesquisa. Sem dúvida, a prioridade é instrumentalizar a comunidade do IFPB, em todos os seus segmentos, e em todos os campi. Quero construir uma política de extensão e pesquisa integradas ao ensino que seja participativa e menos burocrática, que priorize a capacitação daqueles que estão fora dos processos, além da melhoria dos ambientes de produção acadêmica, como laboratórios, salas de aula e outros.
R. Bom, eu posso responder a essa pergunta de duas maneiras: ou eu fico apenas no exercício de criticar a gestão atual de forma improdutiva, ou eu faço promessas de um modelo ideal, difícil de alcançar. Portanto, para uma questão complexa atitudes diversificadas é o mais adequado. Eu pretendo esperar para construir junto com a comunidade um modelo que não seja muito arrojado para o momento, mas que também não fique apenas do marasmo das iniciativas burocráticas que servem apenas ao controle de interesses pessoais.
Por outro lado, o regimento interno já aponta uma diretriz para uma gestão participativa e descentralizada, e quando tiver valendo, poderemos melhorá-lo. No entanto, o modelo de gestão a ser seguido não depende apenas do que está escrito e nem da postura do líder, mas sim de toda a comunidade. Precisamos descobrir juntos o que é esta instituição e mudar nosso comportamento passivo acerca das coisas que acontecem em nosso cotidiano, e afirmo: sendo eu ou outro (a) candidato (a) escolhido (a) a comunidade terá a gestão pela qual ela lutar. Temos muito o que pensar e fazer.
P. Você acha que vai desempenhar bem o seu papel junto às instâncias máximas da educação?
R. Sim. O que pode haver nestas instâncias que eu não seja capaz de entender? Sou bastante ágil e tenho habilidades sociais de comunicação que não me deixarão à parte. Se me candidatei é porque posso representar nossa instituição. Eu não o faria se sentisse insegurança. Quem me conhece sabe que sou responsável com minhas atribuições. Há! e eu sei quem sou... os meus limites não são barreiras intransponíveis!
R. Eu estive muito próxima dos fluxos de processos administrativos nestes quatro anos em que coordenei um projeto de extensão e constatei a existência de muitas dificuldades. Mas, posso antecipar que se tivemos problemas a culpa também é da comunidade. Ainda não estamos abertos a novas relações intra-institucionais. Nós não fizemos a nossa parte para uma convivência plural e produtiva porque estamos presos a mitos de que o espaço escolar não deve comportar conflitos. Paz não é passividade, os conflitos são sempre bem vindos e nós não os vivenciamos como deveríamos. Não havia sindicato ativista, nem momentos públicos para discussões, como aconteceu no passado. Toda a crítica ficou nos corredores e nos encontros fechados. Para onde isso tudo nos levou? Vejo muita insatisfação.
R. Ainda é cedo para pensar nisto, durante o processo vou me aproximar das pessoas, conversar, perceber habilidades. Agora, não me tornarei a dona do IFPB e não farei dele um lote a ser negociado. Aqueles que me apoiarem devem confiar de que buscarei competências e compromissos com um projeto coletivo que não somente meu.
P. Você não estaria furando a fila, já que tem gente mais antiga na instituição para disputar essa função?
R. Não! Não! Estou assistindo o IFPB em uma crise de liderança! Os mais antigos não se sentiram motivados. Os mais novos se sentem despreparados. E, o que eu estou fazendo é me disponibilizando porque estou pronta para colaborar! Nestes últimos meses procurei algumas lideranças consolidadas, para dar o meu apoio em uma candidatura à Reitoria, encontrei algumas que colocaram dificuldades, outras eu nem mais as vi pelo campus João Pessoa. Até que encontrei o grupo que lançou o professor Rômulo Gondim. Após a sua mudança de papel no processo eleitoral e tendo amadurecido a compreensão sobre o momento da Instituição, que atravessa uma expansão com uma demanda de liderança considerável, resolvi aceitar a proposta, que não encaro como um desafio, mas como uma simples oportunidade de crescimento pessoal e de responsabilização que compõe a função docente. Tem que ter pessoas para a gestão da educação! Então porque não eu que estou a mais de 25 anos na academia? Serei Reitora e tenho o propósito de fazer uma experiência tão positiva ao ponto de inspirar novos atores que me seguirão!
Um comentário:
Parabéns pela entrevista Vânia. Lúcida e confiante. Avante
Saudações Educacionais
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