O grupo de apoio político à proposta “Por uma Educação em Rede”, no recente processo sucessório à Reitoria do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba (IFPB), decidiu que vai continuar fazendo uma oposição cerrada à gestão do Reitor eleito, professor João Batista de Oliveira.
O grupo considera que a democracia não será estabelecida em uma situação de homogeneidade administrativa e que a atual gestão não tem interesse em implantar o novo modelo de educação científica e tecnológica planejado pelo Ministério da Educação para os Institutos.
Em reunião realizada hoje (09), no Campus de João Pessoa, o grupo que deu apoio às candidaturas da professora Vania Medeiros (Reitoria) e Gilberto Sobreira (Direção do Campus-JP), decidiu que vai exercer a fiscalização da atual gestão, com responsabilidade, tanto na Reitoria, como no Campus de João Pessoa.
Na reunião, o professor Homero Jorge, do curso de Design de Interiores, fazendo a avaliação do processo sucessório disse que o resultado das eleições foi a constatação da hipocrisia existente na instituição. Para ele, a campanha foi um confronto ideológico em defesa da educação contra os interesses econômicos estabelecidos no IFPB.
Defendendo a continuidade do movimento, Homero disse que: “Nossa luta será resgatar o papel das nossas entidades representativas e fazer o controle social do IFPB." Segundo ele, a pesquisa e a extensão não funcionam e a qualidade do ensino está ruim. Portanto, continuou, é preciso avançar e não retroceder ao modelo de escola técnica e quem vai respaldar a transformação do modelo educacional são os estudantes. “Não separo a postura pessoal do comportamento político dos candidatos e de quem os apoiou, não entendo como os servidores desta instituição passaram quatro anos criticando a gestão e ainda votaram nela”, concluiu.
O professor Gilberto Sobreira disse que o resultado das urnas não foi mais favorável porque o grupo perdeu tempo acreditando na pessoa errada. Ele referiu-se ao investimento inicial na expectativa com o professor Joabson Nogueira. Para Giba, a campanha abalou a força centralizadora da atual gestão.
A vitória deles significa prejuízo para a instituição disse o professor, explicando que a gestão do professor João Batista não vai implantar o novo modelo de educação por que o Reitor não confia nos seus colaboradores e nem delega poderes a ninguém. “A responsabilidade pelo prejuízo da instituição é da própria comunidade, que não soube escolher seus dirigentes”, lamentou ele.
A professora Helena de Cássia avaliou que o resultado da campanha foi surpreendente e que o grupo deu uma lição à comunidade mostrando que não há hegemonia de grupo na instituição. Ela quer continuar fazendo oposição na instituição, já que o compromisso dos professores com a educação é para a vida toda. “Contra a falta de moral não há argumentos, se for preciso vamos acionar a lei para implantar a democracia na instituição, não podemos compactuar com o poder absoluto e temos que exercer nosso papel fiscalizador”, argumentou ela.
O professor Rômulo Gondim, que também participou da reunião de avaliação, disse que o grupo foi vitorioso porque ofereceu uma possibilidade de escolha em um processo que, inicialmente, contava com um único candidato. O professor analisou que a atual gestão não aceita o novo modelo de educação que deve ser implantado na Instituição porque defende a estrutura de escola técnica. “É uma gestão antiga, cujos membros já estão em tempo de aposentadoria; a vez agora é dos novos que devem assumir o comando” projetou Rômulo.
Rômulo foi mais profundo afirmando que a campanha extrapolou os métodos políticos eleitorais influenciados pelo sindicalismo, transformando-se em uma campanha de todos os segmentos. Para o educador, o importante, agora, é não deixar que a lei do silêncio se estabeleça na instituição, lembrando que na gestão houve desmandos administrativos e que ninguém denunciou porque as lideranças estavam cooptadas. Segundo ele, o importante é manter o movimento democrático entre os segmentos visando superar as limitações da realidade da gestão autoritária da antiga escola técnica. “Quando a lógica da democracia suplantar o centralismo administrativo a dinâmica da história poderá nos surpreender”, previu ele.
Os servidores que compõem o grupo de oposição estão estimulados para lutar pela democratização da instituição. O professor Paulo Peregrino disse que a campanha eliminou a apatia política da instituição. Para ele, é importante traçar estratégias para alcançar as metas do grupo sem prejuízo das atividades acadêmicas. A professora Vera Wanderley disse que estava realizada porque exerceu a sua cidadania participando do processo. Para a técnica Osmarina “foi bom ver tanta gente responsável exercendo o seu compromisso político com a instituição”
Na visão do professor Aarão Pereira, o grupo se comportou eticamente no processo sucessório. Segundo ele, existem processos conflituosos envolvendo o curso de Design e atual gestão que, no entanto, não foram usados na campanha. O professor lamentou que a atual gestão promova servidores que cometem atos de improbidade administrativa na instituição. Ele afirmou que o maior problema do IFPB, atualmente, é a cooptação das lideranças. “Mas o processo sucessório contribuiu para a construção de novas lideranças que vão lutar pela democratização na instituição”, assinalou.
A pedagoga Maria José Dantas disse que a gestão atual desrespeita os processos pedagógicos institucionais e que o trabalho de democratização do IFPB passa pela pedagogia. “Nossa militância política deve respeitar os processos educacionais”, salientou.
A professora Vania Medeiros, na sua avaliação, revelou que não esperava enfrentar um processo tão acirrado. Ela disse que pensava estar participando de mais um acontecimento acadêmico. "No entanto, o que vi foi uma luta acirrada em defesa de interesses pessoais dentro da instituição pública”, revelou.
Vania espera que o grupo consiga estabelecer uma rede de relacionamentos internos dentro da instituição. Para ela, é preciso continuar no trabalho coletivo multicampi para dar sustentação à implantação do novo modelo de educação em rede. “Um coisa eu já entendi: a política só tem entrada não há porta de saída, portanto, é preciso continuar”, refletiu.
Um comentário:
Fico bastante esperançoso com a decisão tomada no dia de hoje, pois a apatia demonstrada por todos nós na gestão anterior não foi saudável para o futuro da nosa escola.
Sou favorável a uma OPOSIÇÃO RESPONSÁVEL, PROPOSITIVA E QUALIFICADA.
Ney Robson Fialho Bezerra
Prof. de Educação Física
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